quinta-feira, 10 de março de 2011

Capitalismo - quem diz que a humanidade é mentalmente saudável?!

Afinal é bom lembrar que o endividamento das famílias e dos países aparece como uma consequência natural do sistema capitalista que ao produzir tem de encontrar consumidores a qualquer custo, emprestando-lhes se for preciso dinheiro a juros especulativos e obrigando-os a trabalharem em quaisquer condições quanto mais não seja para irem pagando os juros que no fim do processo implicam que o credor receba o dobro ou mais do dinheiro que emprestou, num sistema económico em que o dinheiro deixa de ser produtivo e se limita a gerar mais dinheiro, ficando a cargo dos devedores produzirem cada vez mais e a mais baixos custos, para sanarem as dívidas, quer dizer passa a viver-se para trabalhar em vez de se trabalhar para viver, invertendo-se a ordem das prioridades.
Uma análise filosófica do trabalho e da sua natureza haveria de realçar que o trabalho é um meio e não um fim em si mesmo e que enquanto meio não deveria alienar o ser humano mas antes permitir a sua realização. Ora nada disto é assegurado no sistema capitalista de produção. Mas as pessoas na sua generalidade não se apercebem destas contradições nem interessa ao sistema que percebam.
Em minha opinião o principal defeito do sistema capitalista é não aceitar que deixar a economia e a finança fluírem sem controlo é uma maneira estúpida de lidar com a questão. Toda gente deveria saber que uma das principais vantagens de qualquer ciência é saber para prever o que vai acontecer e prever para prover isto é para adoptar medidas que permitam lidar com os acontecimentos e evitar aqueles que se consideram inconvenientes. Isto implica intervir, planificar, prevenir, etc. etc. Ora os defensores mais acérrimos do sistema capitalista defendem que nada disto se deve fazer, defendem uma espécie de laissez faire, laissez passer, esperando que a auto-regulação ocorra através de mecanismos de mercado de racionalidade duvidosa pois se baseiam no lucro a curto prazo, permitindo que se repliquem as anomalias e as injustiças sociais.
Claro que no curto prazo os detentores do capital financeiro enriquecem mais e os trabalhadores que produzem empobrecem mais, pois como têm dividas precisam de produzir, mesmo que os salários que lhes ofereçam sejam mínimos. E este círculo é difícil de quebrar quando o sistema bancário de um país, com a ganância do lucro, se endivida ele próprio para emprestar a juros apetitosos aos cidadãos desse país. Isto é um sistema de loucos, mas quem diz que a humanidade é mentalmente saudável?!

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