terça-feira, 22 de março de 2011

A viragem à direita será inevitável?

A eleição de Obama lançou uma onda de esperança nos Estados Unidos e no mundo, mas volvidos cerca de dois anos, esse capital foi profundamente defraudado e isto porque Obama está refém da direita política conservadora e pouco ou nada pode fazer para pôr em prática mudanças progressistas. Como muito bem observou Maria Da Conceição Tavares, ilustre economista brasileira, numa entrevista dada recentemente, Obama não tem base social de apoio, ou melhor tem mas é como se não tivesse, pois foi eleito pelo voto jovem e pelo voto negro e negros e jovens não pesam na sociedade norte-americana, não têm força. A força está do lado do capital financeiro que sobreviveu à crise com a ajuda do Estado e que se recompôs graças ao investimento estrangeiro na Bolsa - sempre em busca dos melhores «revenues» - e a direita política que dispõe da maioria de representantes no Congresso e que derrota quaisquer propostas realmente progressistas. Assim tanto na base, económica, como na super-estrutura, politica, quem manda são os conservadores. Entalado entre estes dois blocos, que afinal são farinha do mesmo saco, Obama «grita mas não decide». E o mais preocupante é que afinal foram os democratas que preparam este cenário «foram os anos Clinton que consolidaram a desregulação dos mercados financeiros autorizando a farra que redundou em bolhas, crise e, por fim, na pasmaceira conservadora.»
Deve todavia dizer-se que republicanos e democratas, nos Estados Unidos, e socialistas ou sociais-democratas na Europa, mais não fazem do que administrar politicamente o sistema de economia capitalista e, por isso, enquanto este não for seriamente questionado, o caminho vai ser inevitável; o que se verifica é que a alternância segue um padrão: quando as coisas parecem correr bem a administração é entregue aos democratas, quando correm mal a reacção intervém em força e toma conta do poder. Ora como actualmente, um pouco por todo o mundo, as coisas parecem estar a correr mal, a tendência é para a direita deixar os bastidores do poder e intervir directamente. Avizinham-se anos particularmente difíceis para quem gostaria que a humanidade avançasse e pergunto-me seriamente se não corremos risco de nova fascização.

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