Entendemos o capitalismo como o sistema económico que advoga o mercado livre, ou seja, a liberdade para vender e para comprar e que tem como objectivo prioritário o lucro. Ora o turbo capitalismo – expressão recentemente cunhada – leva ou pretende levar o princípio às suas lógicas consequências, quer correr desenfreado, qual cavalo a que tiraram o freio; se, na corrida, o cavaleiro cair, tanto pior para o cavaleiro.
Pretende assim ficar isento de regulamentação governamental, não ser escrutinado pelos sindicatos de trabalhadores e não ser perturbado por preocupações sentimentais em relação ao destino dos empregados ou das comunidades, garantido a inexistência de restrições aduaneiras aos investimentos e pagando o mínimo de impostos ao Estado.
Defende ainda que o ideal será o Estado deixar de se imiscuir ou de ser dono de negócios, chama a isso promiscuidade entre o poder político e o económico e assim, escolas, hospitais, prisões e ainda grandes empresas de fornecimento de bens públicos, como água e electricidade, deveriam ser privatizadas, a fim de se conseguir, diz, uma economia mais dinâmica e geradora de riqueza. Mas, com todo este palavreado, que significa o desmantelamento do Estado de Bem Estar Social - o único instrumento capaz de garantir um mínimo de equidade e de igualdade de oportunidades a todos os cidadãos – há uma coisa que não diz, que muito sabiamente cala: não diz como é que a riqueza que promete gerar vai ser distribuída e não o diz porque provavelmente esta receita visa garantir que o melhor quinhão vai continuar na mão de uma elite privilegiada que acha que ainda não abocanha o suficiente e precisa de maiores estímulos ao seu desempenho.
Temo muito que, pelo menos na Europa, que até ao momento tem resistido á desregulamentação do sistema, se esteja a dar largos passos no sentido deste turbo capitalismo, com o argumento de que é preciso vencer a crise que o próprio sistema despoletou.