sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Egipto e ditaduras

O que se está a passar no Egipto pode revestir-se de consequências graves para os Estados Unidos e para o Mundo Ocidental em geral. É bom não esquecermos que o  Egipto foi o primeiro estado àrabe a fazer paz com Israel e a sua importância estratégica é enorme.
Corre-se o risco de se ver instalada na região uma teocracia islâmica ou algo afim. Claro que actualmente é uma ditadura e mais uma vez a politica externa dos E. U está a colher o que semeia, ao aceitar alianças sem exigir respeito dos governantes por direitos elementares, mas neste momento é caso para perguntar qual é a alternativa já que uma teocracia é uma ditadura bem mais temível pois para governar e para se impor conta com o inestimávael aval da divindade que os seus ministros se dizem representar e interpetrar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Turbo capitalismo – capitalismo no seu melhor!

Entendemos o capitalismo como o sistema económico que advoga o mercado livre, ou seja, a liberdade para vender e para comprar e que tem como objectivo prioritário o lucro. Ora o turbo capitalismo – expressão recentemente cunhada – leva ou pretende levar o princípio às suas lógicas consequências, quer correr desenfreado, qual cavalo a que tiraram o freio; se, na corrida, o cavaleiro cair, tanto pior para o cavaleiro.
Pretende assim ficar isento de regulamentação governamental, não ser escrutinado pelos sindicatos de trabalhadores e não ser perturbado por preocupações sentimentais em relação ao destino dos empregados ou das comunidades, garantido a inexistência de restrições aduaneiras aos investimentos e pagando o mínimo de impostos ao Estado.
Defende ainda que o ideal será o Estado deixar de se imiscuir ou de ser dono de negócios, chama a isso promiscuidade entre o poder político e o económico e assim, escolas, hospitais, prisões e ainda grandes empresas de fornecimento de bens públicos, como água e electricidade, deveriam ser privatizadas, a fim de se conseguir, diz, uma economia mais dinâmica e geradora de riqueza. Mas, com todo este palavreado, que significa o desmantelamento do Estado de Bem Estar Social - o único instrumento capaz de garantir um mínimo de equidade e de igualdade de oportunidades a todos os cidadãos – há uma coisa que não diz, que muito sabiamente cala: não diz como é que a riqueza que promete gerar vai ser distribuída e não o diz porque provavelmente esta receita visa garantir que o melhor quinhão vai continuar na mão de uma elite privilegiada que acha que ainda não abocanha o suficiente e precisa de maiores estímulos ao seu desempenho.
Temo muito que, pelo menos na Europa, que até ao momento tem resistido á desregulamentação do sistema, se esteja a dar largos passos no sentido deste turbo capitalismo, com o argumento de que é preciso vencer a crise que o próprio sistema despoletou.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A bem da Nação, Cavaco não!



A bem da Nação, Cavaco não!

Este slogan que encontrei no blog A Terceira Via, embora pela negativa, como grito de guerra da presente campanha presidencial, é brilhante. Uma retórica de primeirissima classe.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pagar aos pobres para os tirar da pobreza

Pagar aos pobres para os tirar da pobreza! Será que funciona?
Muitos responderão negativamente e dirão que um Estado assistencialista não promove o progresso dos cidadãos e cidadãs, pois convida à preguiça e à inércia; mas experiências levadas a cabo em vários países, nomeadamente no Brasil, com o programa Bolsa Família, fornecem evidência empírica em sentido contrário. Pagar mensalidades a famílias pobres com a condição de manterem as crianças na escola, de recorrerem regularmente a serviços de saúde, de as mães assistirem a cursos que fornecem instrução sobre dietas e cuidados de saúde elementares está a ajudar a quebrar o infernal ciclo da pobreza que, de outra maneira, parece replicar-se inelutavelmente. Dá-se, sobretudo às crianças e assim às novas gerações, possibilidade de escolarização e de melhor saúde. Estas políticas públicas não são caridade e também não partem do princípio, que certos sectores da direita defendem, de que os pobres são pobres porque querem, porque não merecem melhor. Estas políticas compreendem que a pobreza é um fenómeno político que a todos interessa erradicar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Afinal o que são os célebres produtos toxicos que despoletaram a crise?

A resposta bem humorada dada neste vídeo, que encontrei na Revista Rubra, propicia alguns bons momentos de humor; rir ainda continua a ser o melhor remédio

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Economistas e ética

Deveriam os economistas observar um código deontológico?
Hoje mais do que nunca somos confrontados com as intervenções constantes de economistas que opinam sobre a crise, suas causas e panaceias. Mas, obviamente, a economia é ainda uma ciência incipiente e, sobretudo, fortemente afectada pela ideologia. Esperar-se-ia que quando nos apresentam estudos e as suas interpretações houvesse também informação sobre as instituições que subsidiaram esses estudos e sobre a perspectiva ideológica dos economistas em questão, porque, por exemplo, professar uma ideologia neo-liberal não é o mesmo que ser um economista marxista. Ora, actualmente tudo isto fica numa desconfortável penumbra e assim as pessoas cada vez percebem menos o que se passa, embora se dê a sensação de que são devidamente informadas.
Assim como os médicos observam um código deontológico, não seria despiciendo se os economistas também observassem um conjunto de regras quando nos informam sobre a saúde ou a doença da economia:
Quem subsidia as suas investigações? Em que linha ideológica se situam? Exercem cargos administrativos ou outros em empresas e em negócios, quais? Que ligações têm à banca?
Bem, isto são apenas algumas sugestões, obviamente uma «Ordem» é que deveria regularizar o uso da profissão.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Crescer economicamente ou reorganizar a economia?

Em relação a Portugal e à Europa em geral, os economistas não se cansam de falar em crise de crescimento e de produtividade como se a chave para o sucesso fosse crescer e produzir mais. Não tenho qualquer especialização em economia, o que de facto lamento, mas isso não me inibe de colocar algumas questões e de colocar em causa esse paradigma económico. Não me parece que a Europa ou os Estados Unidos, que são os espaços de que tenho algum conhecimento, devam crescer mais e a qualquer custo, para mim parece-me prioritário que aprendam a viver com menos, com muito menos, e ainda que se preocupem em diminuir o fosso entre ricos e pobres. Não se pode esquecer que a riqueza mundial também regista um tipo de distribuição em que Europa e Estados Unidos aparecem detentoras da maior parte da riqueza mundial em flagrante contraste com os índices de população.
A receita que se está a pretender seguir para resolver a crise aponta no sentido da diminuição de salários e de outras regalias sociais para resolver o desemprego, mas este poderia e deveria ser resolvido com outra organização do mundo do trabalho que implicaria redução da jornada de trabalho e com a alteração profunda dos estilos de vida, a começar na diminuição do consumo energético. Claro que não tenho receitas específicas, mas se se começasse a pensar nestes termos, mudando o enfoque dos debates, talvez se chegasse a conclusões interessantes e mais fecundas.
Dando um exemplo concreto, porque não subsidiar e melhorar significativamente os transportes públicos ao invés de aumentar os custos para o utilizador? Quando viajo da periferia para Lisboa, costumo constatar que a maior parte dos automóveis transportam apenas o condutor. Não é isto um absurdo? Não é isto um desperdício de recursos energéticos? Não é isto sinónimo de que a um nível tão primário como este não se consegue encontrar uma solução inteligente para um problema?