quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A LÓGICA DAS PRIVATIZAÇÔES

Soube-se recentemente da venda a privados do banco Efisa, em que eu e provavelmente 99% dos portugueses nunca tínhamos ouvido falar, e do envolvimento do sr.º Relvas, ao tempo mão direita e esquerda do 1º ministro Passos Coelho, no negócio que, como não podia deixar de ser, foi “resolvido” depois do Estado ter injetado milhões no referido banco.
Levantou-se algum burburinho face aos aspetos escandalosos desta privatização, mas esquece-se que este é apenas um micro fenómeno que se percebe muito bem, se tivermos em conta o macro-fenómeno das privatizações. Isto porque a lógica das privatizações, aqui e em toda a parte, é transferir dinheiro dos cidadãos - público - para as bolsas de alguns privados e ainda por cima é tudo mostrado como se nos fizessem um grande favor. À boleia vem a diabolização do estatal, a sua pretensa ineficiência, a necessidade de o Estado  não se imiscuir nos negócios, blá, bla.

O que é preciso é realçar esta lógica que preside às privatizações (aliás, em certa medida Piketty em O Capital no século XXI, refere o tema) lógica essa cujas premissas e conclusão são corroboradas por vasta evidência empírica fornecida pela história, que envolve fenómenos tão díspares como os bens das ordens religiosas no século XIX em Portugal, vendidos ao desbarato à alta burguesia, ou como o colapso da ex união soviética com a canalização da riqueza pública, para os recém criados multimilionários que são agora pessoas respeitabilíssimas, como,  em menor escala, o serão os relvas portugueses.


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