Soube-se
recentemente da venda a privados do banco Efisa, em que eu e
provavelmente 99% dos portugueses nunca tínhamos ouvido falar, e do
envolvimento do sr.º Relvas, ao tempo mão direita e esquerda do 1º
ministro Passos Coelho, no negócio que, como não podia deixar de
ser, foi “resolvido” depois do Estado ter injetado milhões no
referido banco.
Levantou-se
algum burburinho face aos aspetos escandalosos desta privatização,
mas esquece-se que este é apenas um micro fenómeno que se percebe
muito bem, se tivermos em conta o macro-fenómeno das privatizações.
Isto porque a lógica das privatizações, aqui e em toda a parte, é
transferir dinheiro dos cidadãos - público - para as bolsas de
alguns privados e ainda por cima é tudo mostrado como se nos
fizessem um grande favor. À boleia vem a diabolização do estatal,
a sua pretensa ineficiência, a necessidade de o Estado não se imiscuir nos
negócios, blá, bla.
O
que é preciso é realçar esta lógica que preside às privatizações
(aliás, em certa medida Piketty em O Capital no século XXI, refere
o tema) lógica essa cujas premissas e conclusão são corroboradas
por vasta evidência empírica fornecida pela história, que envolve
fenómenos tão díspares como os bens das ordens religiosas no século
XIX em Portugal, vendidos ao desbarato à alta burguesia, ou como o colapso
da ex união soviética com a canalização da riqueza pública, para
os recém criados multimilionários que são agora pessoas
respeitabilíssimas, como, em menor escala, o serão os relvas
portugueses.
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