segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Abstenção - à procura do racional


Verificou-se mais uma vez, com as eleições de ontem, realizadas em Portugal, que a abstenção tendeu a ser  a principal protagonista. Encontrar o racional para este fenómeno deveria levar-nos a reflectir sobre  a promiscuidade entre a política e o 'mercado' (interesses económicos).
 Esta promiscuidade funciona a favor do mercado porque é este (interesses económicos) que dita as decisões que os políticos vão tomar. Basicamente não há aqui novidade nenhuma; sempre têm sido assim, em diferentes tempos e espaços, desde os períodos mais remotos;  mas hoje, na media em que os regimes políticos se reclamam da democracia e pretendem ser legitimados pelos cidadãos, não deveria ser assim e é por isso que, do ponto de vista formal,  se alega independência.
O problema com a promiscuidade entre mercados e política é que a política fica refém dos mercados e então não há de facto democracia porque nem o povo, através do voto, nem os políticos, por ele escolhidos, têm poder de decisão, como se viu recentemente no caso da Grécia. Mas o mercado não dita só como os políticos devem decidir, dita também como a vida das pessoas, a nossa via, vai ser; por exemplo, como hoje se gosta de dizer, as pessoas têm de se habituar à instabilidade e à insegurança no emprego e ao trabalho precário. São os novos tempos e não há alternativa.

É neste fenómeno – contaminação da politica pelos mercados - que radica o descrédito das pessoas nos políticos: julgam que são eles os culpados, mas o que acontece é que eles ou são coniventes com os interesses económicos em jogo (e aí de facto são culpados), ou estão reféns do sistema económico (e aí a sua culpa é atenuada pela impossibilidade de mudarem as estruturas. O sistema económico continua a ser,como bem sabemos, capitalista e só por mera conveniência  aceita, ou finge aceitar, as estruturas democráticas.

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