sábado, 5 de fevereiro de 2011

Defender democracia e exportar autocracia

Não é o radicalismo islâmico que preocupa os EU, é a independência
Esta a tese defendida por Noam Chomsky, em artigo de 4 de Fevereiro publicado no Guardian.
Os EU sempre tem apoiado regimes ditatoriais em várias épocas e diferentes partes do mundo, desde, por exemplo, Ferdinand Marcos, (Filipinas) passando por Jean Claude Duvalier (Haiti), Chun Doo-Hwan (Coreia do Sul), Suharto (Indonésia), e muitos outros gangsters da política.
Quando os ditadores tremem, o amigo americano procura distanciar-se e sobretudo assegurar uma transição que não ponha em causa os seus interesses, muito convenientemente identificados como justos e nobres. O que teme é que então se estabeleçam regimes independentes que fujam ao seu controlo, o serem radicalistas islâmicos é secundário, até porque ao fim ao cabo não têm qualquer prurido em apoiar este tipo de regimes como é o caso da Arábia Saudita, centro do radicalismo e até do terrorismo islâmico. O que não quer é perder o controlo.
Na Tunísia e no Egipto, os EU investiram milhões de dólares em ajudas militares sem se preocuparem com a natureza autocrática de regimes corruptos que mantém as populações na miséria e não criam oportunidades de desenvolvimento. Depois ficam muito ofendidos com a incompreensão dos povos - que os odeiam - e acabam limpando as mãos à parede pelas burradas que fazem, sem parecerem dar-se conta da contradição que é defender democracia e “exportar” a autocracia.

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