domingo, 2 de janeiro de 2011

Crescer economicamente ou reorganizar a economia?

Em relação a Portugal e à Europa em geral, os economistas não se cansam de falar em crise de crescimento e de produtividade como se a chave para o sucesso fosse crescer e produzir mais. Não tenho qualquer especialização em economia, o que de facto lamento, mas isso não me inibe de colocar algumas questões e de colocar em causa esse paradigma económico. Não me parece que a Europa ou os Estados Unidos, que são os espaços de que tenho algum conhecimento, devam crescer mais e a qualquer custo, para mim parece-me prioritário que aprendam a viver com menos, com muito menos, e ainda que se preocupem em diminuir o fosso entre ricos e pobres. Não se pode esquecer que a riqueza mundial também regista um tipo de distribuição em que Europa e Estados Unidos aparecem detentoras da maior parte da riqueza mundial em flagrante contraste com os índices de população.
A receita que se está a pretender seguir para resolver a crise aponta no sentido da diminuição de salários e de outras regalias sociais para resolver o desemprego, mas este poderia e deveria ser resolvido com outra organização do mundo do trabalho que implicaria redução da jornada de trabalho e com a alteração profunda dos estilos de vida, a começar na diminuição do consumo energético. Claro que não tenho receitas específicas, mas se se começasse a pensar nestes termos, mudando o enfoque dos debates, talvez se chegasse a conclusões interessantes e mais fecundas.
Dando um exemplo concreto, porque não subsidiar e melhorar significativamente os transportes públicos ao invés de aumentar os custos para o utilizador? Quando viajo da periferia para Lisboa, costumo constatar que a maior parte dos automóveis transportam apenas o condutor. Não é isto um absurdo? Não é isto um desperdício de recursos energéticos? Não é isto sinónimo de que a um nível tão primário como este não se consegue encontrar uma solução inteligente para um problema?

4 comentários:

  1. Prezada Fernanda
    Aqui no Brasil também ocorre o mesmo problema. Mesmo com o Lula e agora com a Dilma, o fosso continua. No Rio de Janeiro, os transportes públicos ainda precisam melhorar muito e a ganância dos capitalistas aumenta cada vez mais. Assim como aí, é preciso haver mais distribuição de renda, investimento em segurança, saúde e educação.
    Um grande abraço e valeu pela visita ao Saiba História!

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  2. Caro Prof.
    Obrigada pela sua visita, continuarei também a frequentar o seu espaço que me parece interessante e útil.
    Abraço, fernanda

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  3. Atenção que os advérbios de modo (as palavras terminadas em "mente", como economicamente)não levam acento.

    :)

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  4. Obrigada, Carlos
    Tem toda a razão. Já corrigi.

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