quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pagar aos pobres para os tirar da pobreza

Pagar aos pobres para os tirar da pobreza! Será que funciona?
Muitos responderão negativamente e dirão que um Estado assistencialista não promove o progresso dos cidadãos e cidadãs, pois convida à preguiça e à inércia; mas experiências levadas a cabo em vários países, nomeadamente no Brasil, com o programa Bolsa Família, fornecem evidência empírica em sentido contrário. Pagar mensalidades a famílias pobres com a condição de manterem as crianças na escola, de recorrerem regularmente a serviços de saúde, de as mães assistirem a cursos que fornecem instrução sobre dietas e cuidados de saúde elementares está a ajudar a quebrar o infernal ciclo da pobreza que, de outra maneira, parece replicar-se inelutavelmente. Dá-se, sobretudo às crianças e assim às novas gerações, possibilidade de escolarização e de melhor saúde. Estas políticas públicas não são caridade e também não partem do princípio, que certos sectores da direita defendem, de que os pobres são pobres porque querem, porque não merecem melhor. Estas políticas compreendem que a pobreza é um fenómeno político que a todos interessa erradicar.

3 comentários:

  1. De acordo!
    A situação é diferente em muitos países da Europa- De facto em muitos casos já é mais rentoso viver da assistência soccial do que do trabalho precário. Por um lado cria-se uma classe de trabalhadores cada vez mais precária, por outro lado o Estado, por cumprimento da lei Constitucional, tem de pagar aos desemüpregados ou dependentes sociais, verbas, por vezes superiores às que ganham pessoam empregadas! Há também uma imigração para a Assistência Social!
    Naturalmente que o que se faz no Brasil estará bem feito. Quando chegar a ter os problemas que se têm na Europa, quer dizer que o Brasil progrediu muito a nível de assistência social.
    A partidocracia na Europa consegue impedir insurreiões populares através duma Assistência social que em alguns países europeus possibilitam uma vida digna, a quem vive da assistência social

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  2. Obrigada pelo seu comentário que enriquece a reflexão sobre o problema.
    De facto eu não me entusiasmo muito com um Estado assistencialista, mas mesmo assim prefiro-o à sopa dos pobres e a outras caridades. Sobretudo vejo as vantagens para mulheres e crianças que são sempre o elo mais fraco.
    O grave é o salário assistencial por vezes ser equivalente ao salário auferido no emprego; bem mas isso só prova como esse salário é insuficiente para as necessidades do trabalhador e como decorre de relações assimetricas de poder entre quem detem aquilo a que Marx chamava meios de produção e aqueles que apenas dispoem da sua força de trabalho e que estão à mercê dos primeiros.
    Hoje chega-se ao cúmulo de pensar que o trabalhador deve agradecer o emprego ao empregador e dar-se por muito satisfeito, independentemente do nivel salarial e das condições de trabalho. É de mais! E até se está a conseguir que os trabalhadores interiorizem estes sentimentos.

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