quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Liberdade versus Igualdade nos Estados Unidos

Liberdade’ versus ‘Igualdade’ nos Estados Unidos

Como sabemos, os Estados Unidos resultaram de uma agregação de colónias que se uniram para combater uma metrópole. Três aspetos fundamentais têm de ser destacados para compreendermos porque é que nos Estados Unidos se dá imensa importância à liberdade e pouca à igualdade que até chega a ser vista como conflituante com a liberdade; esses aspetos são: um índice demográfico muito baixo: o número de colonos (brancos) era ínfimo; vastas extensões de terra (que, quando se mostrou necessário, foram disputadas com sucesso aos índios) e a existência de mão de obra escrava, proveniente do continente africano.
Entre os colonos não havia desigualdades profundas, não havia pobreza; embora existissem diferenças de fortuna, todos, de uma maneira geral, possuíam terras e constituíam uma espécie de comunidade de iguais que partilhavam interesses e tinham objetivos comuns. Todos aproveitavam da mão de obra escrava e a existência dos próprios escravos (negros) - os outros - favorecia a coesão dos colonos.Para os colonos, falar em igualdade não fazia assim grande sentido; mas já fazia sentido falar em liberdade, liberdade em relação às imposições da metrópole, liberdade em relação aos governos.

Inicialmente e durante muito tempo os Estados Unidos constituíram uma espécie de federação agrária em que os colonos brancos sentiam que a sua prosperidade iria depender da sua capacidade de trabalho e percebiam como injusta qualquer tentativa do Estado para desapossá-los dos frutos do seu trabalho - como refere James Houston em Securing the Fruits of Labour - pelo que impostos e regulações estatais deveriam ser mínimas. Neste contexto, a liberdade transformou-se no valor fundamental do novo mundo e a ideia de um estado mínimo ganhou um fôlego que persistiu até aos nossos dias. Mas, é bom não esquecermos que um país que teve escravatura até meados do século XIX e segregação racial até meados do século XX  e que ainda hoje é, de entre os países desenvolvidos, aquele em que as desigualdades sociais são mais profundas, dificilmente pode apresentar-se como um modelo.

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