Tanto
a esquerda como a direita continuam a acreditar que a chamada fase
do capitalismo neoliberal implica retirar ao Estado poder de
intervenção, pois ainda não se percebeu que o que se está a passar
é que o Estado foi capturado pela finança e intervém sim, mas
intervém para fazer aquilo que interessa à finança – de notar que
o intervencionismo estatal só foi execrado enquanto se temia que ele
pudesse estar ao serviço dos cidadãos.
É
neste novo contexto neoliberal que devem ser entendidos tratados como
o Tratado Transpacífico (Trans-Pacific Partnership TPP) que está a
ser negociado em segredo e deve ser assinado por 12 países: E.U.
Japão, Malásia, Vietnam, Singapura, Brunei, Austrália, Nova
Zelândia, Canadá, México, Chile e Peru, com uma posição nitidamente
hegemónica dos E.U. e da moeda americana.
A
favor deste tratado alega-se que promoverá o crescimento económico;
contra alega-se que deslocará o emprego dos países desenvolvidos
para os menos desenvolvidos e critica-se o secretismo que tem
envolvido as negociações.
O
objetivo declarado do tratado é aprofundar os laços económicos
entre estes países, eliminando progressivamente tarifas - de acordo
com o tipo de produtos e setores da economia - e facilitando o
comércio para promover o crescimento. Com este tratado pode criar-se
um mercado amplo comparável ao da União Europeia, dominado pelo
dólar. O que está em jogo são 800 milhões de
habitantes/consumidores, quase o dobro da união europeia, e cerca de
40% do comércio mundial.
Os
críticos do tratado denunciam o facto de marginalizar a China, a
Rússia e a Europa e dizem ainda que facilita a vida ás grandes
corporações capitalistas que passam a poder acusar os governos que
mudem as suas políticas, por exemplo, em saúde e educação, para
favorecer serviços fornecidos pelo Estado. É ainda acusado de
promover a competição dos trabalhadores entre diferentes países
Mas a principal crítica é que o tratado com todo o seu secretismo
pode vir a incluir matérias nas quais os cidadãos deveriam ser
previamente ouvidos, minando assim a natureza do estado democrático,
para mais uma vez corresponder aos interesses da finança
internacional.
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