Para
que servem os bancos privados se, quando se encontram em dificuldades
e na iminência de falirem, como acontece a qualquer empresa ruinosa
ou mal gerida ou incapaz de resistir às forças do mercado (leia-se
competição), é o Estado, ou melhor os cidadãos contribuintes,
que a socorre e arca com os prejuízos? É perigoso falir, alega-se,
porque pode arrastar outras falências; ora bolas para o mercado e
para o neoliberalismo.
A
banca privada, à falta de melhor negócio, andou para aí a
emprestar dinheiro a rodos aos cidadãos e ao Estado; de facto, fazia
aparentemente um negócio da china, pedia ela própria dinheiro
emprestado a juros extremamente baixos para depois emprestar a juros
elevados. Quem poderia resistir ao capitalismo financeiro emergente
em todo o seu vigor? E o zé povinho entrou no esquema e o Estado
entrou no esquema. Depois veio a fatura e, quando se poderia cogitar
que os bancos e os banqueiros gananciosos também iriam pagar,
descobriu-se, aparentemente sem grande assombro, que sobraria
basicamente para os cidadãos e acima de tudo para os cidadãos da
classe média, pois então, para aqueles que ganham o pão com o
suor do seu rosto, porque de facto são esses que criam riqueza e
mandam as boas regras que se vá à fonte. Assim é que é!
Desse
modo endividaram-se cidadãos e Estado e, para tapar os buracos,
aconselharam-se as privatizações, privatizações de quê? - da
riqueza dos cidadãos, claro, casas entregues aos bancos, e do
Estado, bens públicos entregues por dez reis de mel coado a privados:
uma autêntica transferência de riqueza de uns para outros. Com uma
agravante verdadeiramente escandalosa, inventaram-se os fundos de
resolução o que significa que os cidadãos ainda tem de pagar para
vender os bens que são de todos. Isto é o cumulo da
irracionalidade, mas é esta que nos querem impingir como se fosse a
melhor maneira de geria a coisa publica. Primeiro emprestam dinheiro
– quase que o metem pela goela abaixo do cliente - e depois
esmifram-no até ao tutano e entregam a riqueza existente a
meia dúzia de tubarões, tanto podem ser portugueses como
estrangeiros, para o caso tanto faz. No meio disto tudo, os bancos ( como, dizem, há o perigo sistémico) passam por isto como pelos
pingos da chuva e pura e simplesmente mudam de mãos. Isto é, acabam
sendo reprivatizados as custas também de todos nós.
Por
tudo isto é que, mesmo com a crise, aumentou escandalosamente o
numero de ricos e aumentou a riqueza do ricos e também o fosso que
os separa da maioria.
Pode
ser que eu esteja a fazer uma análise populista da situação, mas o
facto é que quem devia não fornece elementos informativos necessários
para se poder fazer outra.
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