‘Liberdade’
versus ‘Igualdade’ nos Estados Unidos
Como
sabemos, os Estados Unidos resultaram de uma agregação de colónias
que se uniram para combater uma
metrópole. Três aspetos fundamentais têm
de ser destacados para compreendermos porque é que nos Estados
Unidos se dá imensa importância à liberdade e pouca à igualdade
que até chega a ser vista como conflituante
com a liberdade; esses aspetos são: um índice demográfico muito
baixo: o número
de colonos (brancos) era ínfimo; vastas extensões de terra (que,
quando se mostrou necessário, foram disputadas com sucesso aos
índios) e a existência de mão de obra escrava, proveniente do
continente africano.
Entre
os colonos não havia desigualdades profundas, não havia pobreza;
embora existissem diferenças de fortuna, todos, de uma maneira
geral, possuíam terras e constituíam uma espécie de comunidade de
iguais que partilhavam interesses e tinham objetivos comuns. Todos
aproveitavam da mão de obra escrava e a existência dos próprios
escravos (negros) - os outros - favorecia a coesão dos colonos.Para
os colonos, falar em igualdade não
fazia assim grande sentido; mas já fazia sentido falar em liberdade,
liberdade em relação às imposições da metrópole,
liberdade em relação aos governos.
Inicialmente
e durante muito tempo os Estados Unidos constituíram uma espécie de
federação agrária
em que os colonos brancos sentiam que a sua prosperidade iria
depender da sua capacidade de trabalho e percebiam como injusta
qualquer tentativa do Estado para desapossá-los dos frutos do seu
trabalho - como refere James Houston em Securing
the Fruits of Labour - pelo que
impostos e regulações estatais deveriam ser mínimas. Neste
contexto, a liberdade transformou-se no valor fundamental do novo
mundo e a ideia de um estado mínimo ganhou um fôlego que persistiu
até aos nossos dias. Mas, é bom não
esquecermos que um país que teve
escravatura até meados do século XIX e segregação racial até
meados do século XX e que ainda hoje é, de entre os países desenvolvidos, aquele em que as desigualdades sociais são mais profundas, dificilmente pode apresentar-se como um modelo.
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