Nos
EU, republicanos e democratas são duas faces de uma mesma moeda e
essa moeda é, basicamente falando e no que realmente importa,
neoliberal. As políticas neoliberais mais ou menos acentuada,
iniciadas com Reagan, foram no fundamental mantidas em todas as
Administrações até aos dias de hoje; mesmo Obama não modificou
esse padrão. Talvez se possa dizer que a sensibilidade social dos
democratas é mais progressista e que os republicanos tendem para o
conservadorismo e mesmo para a reacção, mas no essencial as
diferenças ficarão por aqui.
É
neste contexto que surge Bernie Sanders, um candidato fora do sistema
e um socialista que representa um pensamento de esquerda moderada.
O entusiasmo que suscita, sobretudo entre as camadas jovens, que
estavam afastada da politica, representa o reacender da esperança de
que pode haver alternativa. Claro que ninguém pensa que ele chegue à
Casa Branca até porque, mesmo que chegasse, o terreno politico está
de tal modo minado que de nada adiantaria, mas pode ser a semente
para a criação de um novo movimento politico que possa polarizar o
descontentamento e criar uma alternativamente verdadeiramente
democrática à plutocracia que tem governado os EU. Só esperamos
que não seja mais um movimento como os Occupy Wall Street que acabe
no fim do ciclo que lhe deu início - o das eleições presidenciais.
O
lema de Sanders, “Bring People Together”, “Vamos unir as
pessoas” talvez contribua para que se consiga romper com a lógica
neoliberal da mercadorização, da competição e do individualismo, que são hoje parte integrante do ethos da sociedade norte americana
e que funcionam como instrumento justificativo da extrema
desigualdade social que se instalou e que separou ricos de pobres,
brancos de negros e esfacelou o sentimento de comunidade.